William Joseph Seymour – Avivalistas do século Séc XIX e XX

Sumário

William Joseph Seymour

Nasceu em 2 de maio de 1870 – faleceu em 28 de setembro de 1922

O Avivamento da Rua Azuza

O irmão Seymour, líder do movimento debaixo de Deus, é uma figura notável. Sua personalidade é marcada por uma mansidão incomparável, caminhando e conversando com Deus. Seu poder reside em sua fraqueza aparente. Ele mantém uma dependência desamparada em Deus, possuindo a simplicidade de uma pequena criança. Ao mesmo tempo, está tão repleto de Deus que o amor e o poder transbordam quando alguém se aproxima dele. Essas palavras de W.H. Durham em “The Apostolic Faith” (fevereiro/março de 1907) descrevem com precisão a essência de Seymour.

O avivamento ocorrido na Rua Azusa, em Los Angeles, EUA, teve um impacto profundo no Cristianismo nos últimos cem anos. Atualmente, dos 660 milhões de cristãos protestantes e evangélicos ao redor do mundo, aproximadamente 600 milhões são membros de igrejas que foram diretamente influenciadas pelo avivamento da Rua Azusa, como os pentecostais, carismáticos, da Terceira Onda, entre outros. Avivamento teve início com o ministério de Charles Fox Parham. Em 1898, Parham fundou um ministério que incluía uma escola bíblica na cidade de Topeka, Kansas. Após um estudo aprofundado do livro de Atos, os alunos dessa escola começaram a buscar o batismo no Espírito Santo. No dia 1º de janeiro de 1901, Agnes Ozman, uma aluna, recebeu o batismo e manifestou o dom de falar em línguas estranhas. Nos dias seguintes, outros alunos e o próprio Parham também experimentaram essa experiência e falaram em línguas (fonte: 2).

Naquela época, as igrejas Holiness, que se originaram da Igreja Metodista, ensinavam que o batismo no Espírito Santo, conhecido como a “segunda bênção”, representava uma santificação, e não uma capacitação sobrenatural. Os dons do Espírito Santo, como falar em línguas estranhas, não faziam parte da teologia do batismo no Espírito. No entanto, Parham pregava que o batismo no Espírito Santo deveria ser acompanhado pelo sinal miraculoso de falar em línguas.

Com seu pequeno grupo de alunos e colaboradores, Parham começou a pregar sobre o batismo no Espírito Santo e lançou o jornal “The Apostolic Faith” (A Fé Apostólica). Em janeiro de 1906, ele abriu uma nova escola bíblica na cidade de Houston, Texas.

Um dos alunos dessa escola foi William Seymour. Nascido em 1870, filho de ex-escravos, Seymour pastoreava uma pequena igreja Holiness na cidade. Ele dedicava cinco horas diárias de oração para buscar a plenitude do Espírito Santo em sua vida.

Seymour enfrentou as leis de segregação racial da época para poder frequentar a escola. Ele não tinha permissão para permanecer na sala de aula com os alunos brancos e era obrigado

Uma pequena congregação da cidade de Los Angeles, ligada à igreja Holiness, convidou Seymour para ministrar em sua igreja. No entanto, assim que ele começou a pregar sobre o batismo no Espírito Santo e o dom de línguas, Seymour foi prontamente excluído daquela congregação.

Desamparado na cidade de Los Angeles, sem recursos financeiros ou passagem de volta para Houston, Seymour encontrou abrigo na casa de Edward Lee, um membro daquela igreja, e mais tarde na casa de Richard Asbery. Seymour dedicou-se fervorosamente à oração, aumentando seu tempo diário para sete horas, buscando de Deus “aquilo que Parham pregou, o verdadeiro Espírito Santo e fogo, com línguas e o amor e o poder de Deus, como os apóstolos tiveram” (fonte: 1).

Uma reunião de oração foi iniciada na casa da família Asbery, localizada na Rua Bonnie Brae, número 214. O grupo arrecadou uma oferta para trazer Lucy Farrow, amiga de Seymour que já havia recebido o batismo no Espírito Santo, da cidade de Houston. Quando ela chegou, Farrow orou por Edward Lee, que caiu no chão e começou a falar em línguas estranhas.

Naquela mesma noite, em 9 de abril de 1906, o poder do Espírito Santo desceu sobre a reunião de oração na Rua Bonnie Brae, e a maioria das pessoas presentes começou a falar em línguas. Jennie Moore, que mais tarde se casou com William Seymour, começou a cantar e tocar piano, mesmo sem ter aprendido a tocar anteriormente.

A partir dessa noite, a casa na Rua Bonnie Brae ficou repleta de pessoas em busca do batismo no Espírito Santo. Em poucos dias, Seymour também recebeu o batismo e o dom de línguas.

Uma testemunha das reuniões na Rua Bonnie Brae relatou:

“Eles clamaram por três dias e três noites. Era época de Páscoa, e as pessoas vieram de todos os lugares. No dia seguinte, era impossível chegar perto da casa. Quando as pessoas entravam, elas caíam sob o poder de Deus, e a cidade inteira foi impactada. Eles clamaram lá até que os alicerces da casa cederam, mas ninguém ficou ferido. Durante esses três dias, muitas pessoas receberam o batismo. Os doentes foram curados e os pecadores foram salvos assim que entravam” (fonte: 1).

Conscientes de que a casa na Rua Bonnie Brae já não comportava as multidões, Seymour e os outros buscaram um novo local de reunião. Eles encontraram um prédio na Rua Azusa, número 312, que havia sido uma igreja Metodista Episcopal, mas estava abandonado após um incêndio e havia sido usado como estábulo e depósito. Após remover os escombros e construir um púlpito com duas caixas de madeira e bancos de tábuas, o primeiro culto na Rua Azusa foi realizado em 14 de abril de 1906.

O interesse pelas reuniões na Rua Azusa aumentou após o terrível terremoto ocorrido em 18 de abril, que destruiu a cidade vizinha de San Francisco. Além disso, as críticas severas das reuniões nos jornais locais também ajudaram a espalhar a notícia do avivamento.

Assim como no avivamento de Gales, as reuniões na Rua Azusa não eram planejadas em uma programação rígida. Elas consistiam em orações, testemunhos e cânticos espontâneos. No jornal da missão, intitulado “The Apostolic Faith”, há a seguinte descrição dos cultos:

“As reuniões foram transferidas para a Rua Azusa, e desde então as multidões têm comparecido. As reuniões começam por volta das 10 horas da manhã e geralmente se estendem até as 20 ou 22 horas, e às vezes até as 2 ou 3 horas da madrugada, pois muitos estão buscando a Deus e outros estão caídos sob o poder Dele. As pessoas estão se aproximando do altar três vezes ao dia, e filas e mais filas de cadeiras precisam ser esvaziadas e ocupadas por aqueles que estão buscando. Não podemos quantificar o número de pessoas que têm sido salvas, santificadas e batizadas com o Espírito Santo, nem o número de curas realizadas para diferentes enfermidades. Muitos estão falando em novas línguas, e alguns estão sendo enviados como missionários, dotados com o dom de línguas. Estamos buscando ainda mais do poder de Deus” (fonte: 4).

Frank Bartleman também escreveu sobre os cultos na Rua Azusa:

O irmão Seymour costumava sentar-se atrás de duas caixas de sapato vazias, uma em cima da outra. Durante a reunião, ele colocava sua cabeça dentro da caixa de cima para orar. Não havia orgulho ali. Os cultos continuavam sem parar. Almas sedentas podiam ser encontradas sob o poder de Deus a qualquer hora, dia ou noite. O lugar nunca estava fechado ou vazio. As pessoas vinham para encontrar Deus, e Ele sempre estava lá. Portanto, era uma reunião contínua. A reunião não dependia de um líder humano. Naquele antigo prédio, com vigas baixas e piso de terra batida, Deus quebrava homens e mulheres fortes e os reconstruía para Sua glória.

As notícias sobre as reuniões na Rua Azusa começaram a se espalhar e multidões se reuniam para experimentar o que estava acontecendo. Além dos que vinham dos Estados Unidos e do Canadá, missionários de outros países ouviam falar do avivamento e visitavam aquela humilde missão. A mensagem e a experiência pentecostal foram levadas para nações além-mar. Novas missões e igrejas pentecostais foram estabelecidas, e algumas denominações holiness se tornaram igrejas pentecostais. Em apenas dois anos, o movimento se espalhou por 50 nações e por todas as cidades dos Estados Unidos com mais de três mil habitantes.

Com o passar do tempo, a influência da missão na Rua Azusa começou a diminuir à medida que outras missões e igrejas adotaram a mensagem e a experiência do batismo no Espírito Santo. A visita de Charles Parham à missão em outubro de 1906 resultou em divisões e no estabelecimento de uma missão concorrente. Parham não concordava com a integração racial do movimento e criticou as manifestações que presenciou durante as reuniões.

Em setembro de 1906, a Missão da Rua Azusa lançou o jornal “The Apostolic Faith”, que desempenhou um papel fundamental na disseminação da mensagem pentecostal e continuou a ser publicado até maio de 1908. Infelizmente, a entrega do jornal por correspondência foi transferida indevidamente para a cidade de Portland, o que efetivamente isolou a missão de seus apoiadores.

Embora o avivamento na Rua Azusa tenha durado apenas três anos, ele desempenhou um papel fundamental na formação do movimento pentecostal, que se tornou o maior segmento da igreja evangélica nos dias de hoje. William H. Durham recebeu seu batismo no Espírito Santo em Azusa e treinou missionários em sua igreja em Chicago, como E. N. Bell (fundador da Assembleia de Deus dos EUA), Daniel Burg (fundador da Assembleia de Deus no Brasil) e Luigi Francescon (fundador da Congregação Cristã no Br

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